Conseguimos uma grande entrevista com ele, nada mais, nada menos que António Cardoso...
P:Como começou a sua carreira de árbitro de futsal?
AC:Por acidente!... Era Treinador de Futebol, fui ver um Torneio ao qual faltaram os Árbitros. Um meu jogador foi convidado para colaborar como auxiliar, mas estava lesionado e sugeriu-me, à Organização, que em desespero, aceitou. Na brincadeira disse-lhes que para auxiliar, não iria. Ou ia como principal, ou não ia! Aceitaram, porque a necessidade a tal obrigou!... e nunca mais me deixaram desistir!
P: Qual é a sua referencia na arbitragem?
AC: Guardo alguns modelos, fundamentalmente pelo lado estético e pelo modus operandi, pelo estilo inteligente como faziam a condução do jogo… Vítor Pereira, Anders Frisk e Stefano Braschi no Futebol, ao passo que no Futsal, Pedro Galan e Andrea Lastrucci, embora todos os que vi durante a minha carreira, me tenham ensinado e “oferecido” imenso!
P: Qual a chave do seu sucesso na arbitragem?
AC: Do relativo sucesso, acrescentaria eu! Porque nem sempre atingi tudo aquilo a que me propus! A chave foi sempre a dedicação e a inquietude, perante factos novos que surgem, todos os dias, os quais nem todos os espíritos enxergam. Se não mantivermos um grau de exigência máximo, viveremos com o mínimo.
P: Como lida com a pressão de ser para milhões o melhor árbitro do mundo?
AC: Tentando sempre e cada vez mais, trabalhar para responder positivamente às pretensões dessas pessoas, não defraudando as perspectivas. Arbitrar é pressão!
P: Quais foram os melhores momentos da sua carreira até hoje e os piores?
AC: Positivos, todos aqueles em que senti convictamente o acerto das minhas decisões. Negativos, sempre que senti como nefasta alguma decisão minha…De forma objectiva, ter arbitrado 2 Finais de Campeões da Europa e 3 Semifinais, 1 Final Europeu e 3 Semifinais, 1 Semifinal de Mundial, 9 Finais de Taça de Portugal, entre outras…
P: Como lida com a imprensa e o que acha dela?
AC: Fundamental, mas nem sempre correcta. Muitas vezes, quase sempre, são os critérios de tesouraria que obrigam a colocar em parangonas situações que seriam despiciendas e são nefastas à divulgação e incremento, quer das modalidades, quer da Arbitragem. Mas vamos aprendendo a lidar com os diversos aspectos!
P: Como encara ser considerado o melhor do mundo e não ter ficado em 1º lugar a nível nacional?
AC: Nunca serei eu a responder a isso, pela milésima vez! Até porque de facto, não entendo e nunca encontraria resposta… Apesar de que antes de ser Árbitro de topo, fui algumas vezes o nº1 a nível interno!
P: A nível internacional e por onde tem passado como vêm o A. Cardoso e qual a sua relação com os dirigentes da UEFA/FIFA?
AC: Sem falsas modéstias, todos vão ficando com boa impressão, à medida que nos vamos conhecendo! Tenho deixado marcas, muito por força do zelo e perícia que coloco, em todas as situações.
P: Acha que o futsal está em Portugal ao nível dos melhores campeonatos do mundo?
AC: Estará de acordo com os Rankings, o que nos atribui elevados patamares. Obviamente que esta crise económica, à escala global, por ser coincidente com o boom a que se assistia, refreou os ânimos, leia-se, os patrocinadores. Que são a mola propulsora!
P: Como vê a evolução da arbitragem a nível feminino em Portugal?
AC: Tem sido interessante o crescimento quantitativo, embora o número ainda fique distante do necessário.
P: Quais as expectativas pessoais para o futuro nível de arbitragem?
AC: As minhas expectativas são sempre enormes, raiando muitas vezes um sonho irrealista. Mas temos, a cada dia que passa, mais e melhores fontes onde beber, o que vem dotar os jovens de melhores condições para a prática. E há um aspecto que me choca, ainda, neste nosso cantinho: o termos uma aversão incrível a copiar modelos externos com precisas provas dadas e a escutar as pessoas que os conhecem, independentemente do cargo ou função que detêm!
P: Que mensagem gostaria de deixar aos mais jovens que estão a começar na arbitragem?
AC: É ambígua, sabe? Se bastas vezes sou cáustico, no tocante ao compromisso que alguns jovens estabelecem com a Arbitragem, outras vezes sou forçado a reconhecer-lhes razões para esse menor comprometimento. É que agora, chegando ao fim da minha carreira, olho para trás e que vejo? Que demasiadas vezes coloquei o colectivo adiante do particular e nada me resta, porque neste país, de forma que me perturba, as Instituições preocupam-se com o que temos para lhes dar, não para quem somos ou como estamos!...
Só existe uma palavra para classificar esta entrevista...brilhante....António Cardoso demonstra assim que é um "gentleman" não só a nivel desportivo mas também a nível pessoal. São pessoas como o António Cardoso que incentivam os mais novos a vir para a arbitragem e fazem dela uma nobre causa. Agradecemos o facto de ter concedido esta entrevista e também pela sua disponibilidade...o povo português está-lhe eternamente grato por ter colocado a arbitragem portuguesa no topo do mundo e ser a maior referência Mundial no futsal...
Nome: António José Fernandes Cardoso
Data de Nascimento: 12/04/1964(41 anos)
Naturalidade:Vouzela
Percurso na arbitragem:Fut11(1992-1996); Futsal (desde 1996)
1a categoria desde 1997 e internacional desde 1998
1º jogo internacional Finlandia vs Chipre (na Holanda)
Data de Nascimento: 12/04/1964(41 anos)
Naturalidade:Vouzela
Percurso na arbitragem:Fut11(1992-1996); Futsal (desde 1996)
1a categoria desde 1997 e internacional desde 1998
1º jogo internacional Finlandia vs Chipre (na Holanda)
Fonte: C.Arbitragem AF Coimbra
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